São Paulo, 452 anos de garoa
Juliana Gonçalves
A Folha Online lançou no dia 24 de janeiro a seguinte pergunta: O que você costuma fazer no dia do aniversário de São Paulo? A enquete mesmo sem valor científico e correspondendo apenas ao número de leitores do site, chama atenção pelo seu percentual. Dos 50 votos recebidos, 27 optam por ficar em casa descansando, contra os 12 que preferem ir a programas oferecidos pela prefeitura, e os 11 que gostam de comemorar bem longe da cidade e vão viajar.
Bom, q uem ficou em casa no aniversário da cidade no dia 25, sem dúvidas perdeu ótimas oportunidades. Como eu mesma cometi esse engano nos últimos anos da minha vida, decidi que nesse quadringentésimo qüinquagésimo segundo dia de comemoração eu, paulistana até na chuva, não ficaria de fora.
Com o auxílio do passe de metrô e a integração do ônibus, um litro e meio de água e mais dez reais e cinqüenta centavos, parti da zona lente da cidade para o centro, sobrevivi ao calor, almocei e apreciei a programação gratuita. Afinal São Paulo é, em todos os sentidos, a cidade da economia.
O roteiro foi simples, primeiro a Cadetral da Sé e o marco zero de São Paulo, em seguida o Páteo do Collégio onde o Prefeito José Serra e o Governador Geraldo Alckmin discursaram lado a lado. Serra, em seu discurso, desejou que a cidade voltasse a ser a terra das oportunidades. Quem sabe assim ele terá a que tanto deseja, ser candidato à presidência. Ele não perdeu a oportunidade de declarar toda a sua eficiência. Então, São Paulo continua sendo a terra das oportunidades e dos oportunistas também.
A próxima parada foi o bolo do Bixiga que já faz parte do ritual de celebração de alguns paulistanos e de umas figuras do além. Como é o caso de Raul Seixas e do falecido, (Deus já o tem) Papa pop João Paulo II, até o rei Pelé compareceu junto com a galera do Pânico na Tv. O bolo, que terminou em 4 segundos, foi pouco, eu precisava de algo com mais sustância, e tipicamente paulistano. Exceto o pastel de bacalhau, muito pequeno para minha fome, a única opção que me veio à mente foi o sanduíche de mortadela do Mercado Municipal, que acompanhado de bebida sai em torno de 10 reais e 50 centavos.
Do Mercadão, fui direto para a Avenida Paulista. Com entrada franca o espaço Cultural Citigroup expõe até 17 de fevereiro o trabalho do fotógrafo Tuca Vieira. As fotos são acompanhadas do texto do colunista da Folha, Marcelo Coelho. São Paulo- Contraste De Uma Metrópole Sem Limites capta a alma da cidade, ora de maneira delicada ora surpreendente.
De lá, graças à integração do bilhete único, fui sem maiores custos para o Parque da Independência onde ocorreram apresentações de Paulinho da Viola, Naná Vasconcelos e Cordel do Fogo Encantado. No intervalo entre o Viola e o Vasconcelos nada mais paulistano do que andar no jardim do Ipiranga e olhando para o Museu pensar: Mas como a família Real não morou aí dentro?!
Antes da atração final realizada pelos pernambucanos do Cordel, uma convidada mais que especial apareceu, a chuva. No aniversário de São Paulo, como não poderia deixar de ser, choveu, choveu, choveu.... Foi como um batismo, um sinal de renovação, um “feliz aniversário” vindo de cima ao som de muito batuque da banda.
Com certeza valeu a pena sair de casa nesse feriado. Descansar no dia 25 de janeiro, de hoje em diante, nem pensar!
1 Comments:
Uma leitura prazerosa de sua jornada através da nossa cidade, tão maltratada e malfalada, que no entanto consegue abraçar todas as classes e idéias.
31 janeiro, 2006 12:26
Postar um comentário
<< Home